Descubra a encantadora origem do Canjinjin, um destilado único do Brasil, que presta homenagem ao príncipe Kangingin da África, descendente da realeza congolesa. Este elixir é um dos tesouros de Vila Bela da Santíssima Trindade, localidade turística do Mato Grosso, e um emblema da cultura e tradição regional menos conhecida do país.
A fertilidade do solo atraiu os colonizadores portugueses que rapidamente se estabeleceram na área, explorando suas riquezas minerais e elevando Vila Bela ao posto de primeira capital do Mato Grosso.
Entretanto, a cidade enfrentou desafios significativos devido à sua localização remota, doenças e a ausência de vias comerciais, levando à sua substituição por Cuiabá como capital, situada a 525 quilômetros de distância. Isso resultou no abandono de residências, negócios e escravizados.
A integração dos escravizados africanos, índios bolivianos e mestiços deu origem à Vila Bela da Santíssima Trindade, agora lar de cerca de quinze mil pessoas.
A cultura local absorveu a Dança do Congo ou Congada, uma tradição africana, bem como a Dança do Chorado, uma expressão cultural que visava aliviar os sofrimentos da escravidão. Ambas as danças são celebradas durante a festa de São Benedito em julho. O Canjinjin é um legado desse rico mosaico cultural, celebrado por sua fabricação artesanal.
O nome Canjinjin homenageia o príncipe africano Kangingin, evidenciando suas raízes africanas.
Produzido a partir de aguardente e enriquecido com mel, gengibre, cravo, canela, erva-doce, raízes e outros ingredientes secretos, o Canjinjin é uma bebida artesanal com um sabor rico e aromático, equilibrando doçura com notas especiadas.
Tive o prazer de degustar esta bebida e posso atestar seu sabor excepcional e aroma envolvente.
Ainda que se diga que o Canjinjin tenha propriedades afrodisíacas, essa é uma alegação comum a muitas bebidas exóticas.
Recordando de outras bebidas exóticas como o vinho de sangue de cobra ou energéticos com feromônios, o Canjinjin (ou Kanjinjin) era exclusivamente produzido pela Cooperbela, uma cooperativa de cinquenta mulheres locais apoiadas pelo Sebrae, até a última década. Após o encerramento da cooperativa, outras produções artesanais emergiram, disponibilizando entre cinco a dez variedades distintas na região.